terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um pouco do Brasil na África

                                                            por BRUNO VOLPINI

              Sousa, Rocha, Silva e Barbosa são nomes bastante comuns para nós, brasileiros. Mas podemos encontrar esses nomes também em certos países africanos.
              A partir de 1745, alguns brasileiros, na maioria baianos, perceberam que poderia ser muito lucrativo mudar para Daomé, atual Benim, e praticar o tráfico de escravos para o Brasil. Comerciavam azeite-de-dendê, noz de cola e outros artigos. O principal traficante de escravos da região era Francisco Félix de Sousa, baiano.
             A esses homens e mulheres juntavam-se outros, ex-escravos e africanos de nascimento, que retornavam do Brasil para a África depois de terem conseguido por diversos meios sua alforria e pagar a viagem.
           Grande parte desses homens e mulheres não tinham sua origem nos países que hoje são Nigéria, Benim e Togo, mas ali se instalavam porque haviam perdido o vínculo ou se desentendido com seu grupo original. De volta à África, procuravam se inserir entre os brasileiros que ali faziam comércio, buscando constituir uma família e garantir sua sobrevivência.
          Os grupos que retornaram à África criaram comunidades onde se identifacavam, e ainda se identificam, como brasileiros ou descendentes destes. Comunidadescomo essas podem ser encontradas em cidades como Lagos, Porto-Novo e Cotonu. Podemos ainda hoje observar nelas casas construídas no começo do século XIX, com padrões de arquitetura muito semelhantes aos de cidades brasileiras como Salvador, Fortaleza e Rio de Janeiro. Em Lagos, há ainda um bairro chamado Brazilian Quartier.
        A cultura brasileira levada para a África não era exatamente igual à que existia aqui. Nas idas e vindas dos barcos que navegavam pelo Atlântico, forjou-se uma cultura nova, criada principalmente pelo olhar e pela maneira de ser e de agir dos africanos que haviam passado pela experiência da escravidão e, libertos, conseguiram retornar a África. E, sem saber, contribuiram para o abrasileiramento desse grande continente.

3 comentários: